Acho que você também já teve essa impressão

Acho que você também já teve essa impressão.
De que quando não existiam smartphones, as memórias eram mais fortes e o tempo parecia mais devagar.

As conversas eram mais longas.

Os relacionamentos, mais intensos.

Os olhares, mais constantes.

A percepção, mais aguçada.

Os únicos meios de comunicação a longa distância eram os livros e as cartas, trabalhados durante semanas, meses e até anos.
E não havia tanta necessidade de revelar a vida pessoal a incontáveis pessoas, afinal, os que estavam de perto sabiam e isso às vezes era mais do que o necessário.

Não existia muita informação em 1 só minuto, como hoje em dia existe, ao atualizar uma página de rede social, pois as informações eram resultado da prática, da conversa, do ouvir. Tudo demorava mais... E se vivia mais também.

Me lembro de quando me deparei com o cântico de Débora no livro de Juízes, capítulo 5, além dos imensos Salmos e Cantares bíblicos, e, pensei, "como pode, as pessoas cantavam músicas imensas, enchiam páginas e quase nunca repetiam um verso". 

A memorização daqueles jovens era incrível! Decoravam milhares de versos, árvores genealógicas, rotas, regiões, costumes, receitas, histórias e ainda passavam de pai para filho, de geração para geração.
E os idosos, por muito terem vivido, e por muita informação terem acumulado, começavam a se esquecer das coisas, a sentir sua mente enfraquecer... Hoje, nós jovens é quem nos esquecemos e enfraquecemos, devido à avalanche de informações em pouco tempo, e pior, devido às experiências tão rasas quanto a tela de um smartphone.

Quase nunca paramos para perceber a nossa realidade "nua e crua", para fazermos silêncio, conhecermos a nós mesmos, a natureza, o Criador e aprendermos o nosso propósito.

O ser humano se deixou depender do que nunca foi dependência, desde que o mundo é mundo. A tecnologia agiliza muitos processos, sim, mas essa agilidade está nos levando para onde? Para envelhecermos mais rápido? Para abreviar a nossa experiência? 

Não precisamos agilizar tudo, pois se fosse assim não haveria graça, nem estima, nem apreciação... Nos formamos com o tempo, a paciência, os processos, sejam eles difíceis ou não. Todos são importantes e nos lapidam para sermos o melhor que podemos ser.

Por isso, podemos parar, respirar fundo, desacelerar essa vida corrida, deixar de lado as telas digitais, não saber de tudo, prestar atenção na natureza, fechar os olhos para falar com Deus, olhar calmamente nos olhos do outro, demorar a conversa, memorizar o que é importante, apreciar os processos, enfim, viver, e viver com propósito. Afinal, nossa alma é uma eterna aprendiz, então, não faz sentido apressar tanto, tendo a eternidade pela frente.

(Por T. O. Reis)



Posts mais vistos da semana:

Como eu consegui perdoar

Onde queremos chegar ?

Sobre as autoras

Céu, um grande quadro

Feminista ou feminina?